
Neste Artigo
“Você acha que sabe o que é espionagem digital?”
Imagine que sua TV, mesmo desligada, grava suas conversas. Imagine seu celular criptografado, onde você se sente seguro usando WhatsApp e Signal, ser espionado sem precisar que você clique em absolutamente nada. Parece ficção? Agora conheça a realidade: Vault 7, o maior vazamento da história da CIA um verdadeiro grimório de armas cibernéticas, exploits e técnicas de espionagem que deixam qualquer rootkit amador no chinelo.
O Que é o Vault 7?
O Vault 7 é uma coleção massiva de documentos, códigos e ferramentas utilizados pela Central Intelligence Agency (CIA) dos Estados Unidos para espionagem ofensiva e vigilância digital clandestina.
Vazado em 2017 pelo WikiLeaks, esse acervo mostrou ao mundo como a CIA explorava vulnerabilidades em Windows, Linux, macOS, iOS, Android, TVs, roteadores, carros e até no firmware de chips.
Mas isso não era só teoria. Eram códigos reais, projetos internos e documentação de como essas armas cibernéticas funcionavam na prática. Era como abrir a caixa preta da NSA só que da CIA.
Como Funciona Uma Ferramenta Hacker da CIA?
Antes da lista, entenda a estrutura. Cada ferramenta hacker da CIA segue um fluxo altamente profissional:
Reconhecimento: A CIA usava engenharia reversa para identificar zero-days em dispositivos e sistemas.
Exploitation: Criavam exploits nativos (sem alertas) capazes de quebrar defesas de firewalls, antivírus e sistemas.
Implantação: O payload era injetado usando vetores como USB, redes Wi-Fi, phishing, ou exploits automáticos.
Persistência: Após infectar, o malware se ocultava em drivers, firmware ou serviços persistentes.
Comando & Controle (C2): Toda comunicação era criptografada e ocorria por canais stealth como DNS, HTTPS e protocolos proprietários.
Exfiltração & Monitoramento: Dados eram extraídos ou monitorados em tempo real, sem alertas visíveis.
Lista Técnica: Principais Ferramentas Hacker da CIA (Year Zero)
Abaixo, uma lista das armas mais sinistras reveladas:
1. Weeping Angel
Tipo: Backdoor persistente
Alvo: Smart TVs Samsung (modelos F8000)
O que faz: Instala um spyware que transforma a TV em microfone, mesmo com ela “desligada”.
Como funciona: Explora vulnerabilidades do firmware via USB ou rede local. Grava o áudio e armazena em cache até que o operador colete os dados.
Você pensava que sua TV era só uma tela? A CIA pensava diferente.
2. Sonic Screwdriver
Tipo: Implantador USB via firmware
Alvo: Dispositivos Apple (MacBooks com EFI)
O que faz: Permite rodar malware durante o boot, mesmo com senha de firmware.
Como funciona: Injeta código no firmware da placa USB. Ao conectar na porta durante o boot, contorna a senha de inicialização e instala payloads no disco.
3. DarkSeaSkies
Tipo: Rootkit EFI
Alvo: MacBook Air
O que faz: Persiste no firmware do Mac mesmo após formatação completa.
Como funciona: Injeta no EFI usando acesso físico ou Sonic Screwdriver. Atua como implante permanente.
4. HIVE
Tipo: C2 Framework modular
Alvo: Sistemas Windows/Linux
O que faz: Cria backdoors silenciosos que se comunicam com servidores da CIA disfarçados de domínios legítimos.
Como funciona: Cada implante HIVE se comunica com um servidor por HTTPS, imitando navegação comum. Usa certificado digital falso para enganar DPI e firewalls.
5. HighRise
Tipo: Interceptor SMS
Alvo: Android
O que faz: Monitora todas as mensagens de texto recebidas no aparelho.
Como funciona: Um APK modificado instalado disfarçado, com tela falsa de login. Ao ativar, envia todos os SMS para um número remoto.
6. Brutal Kangaroo
Tipo: Malware via USB air-gapped
Alvo: PCs isolados da rede (air-gapped)
O que faz: Infecta pendrives e usa-os para propagar malware para máquinas desconectadas.
Como funciona: Quando o pendrive infectado é inserido em uma máquina off-line, ativa cargas maliciosas e estabelece canais ocultos de comunicação.
7. Fine Dining
Tipo: Framework de payloads sob medida
Alvo: Vários
O que faz: Gera backdoors disfarçados de apps legítimos (por ex: VLC, WinRAR, Notepad++).
Como funciona: Permite ao agente da CIA escolher módulos como keylogger, capturas de tela, sniffers, etc. O resultado é um executável que parece legítimo, mas é uma ferramenta de espionagem.
8. Marble Framework
Tipo: Obfuscator anti-análise
Alvo: Todos os malwares
O que faz: Remove qualquer “assinatura” da CIA do código, enganando ferramentas forenses.
Como funciona: Randomiza strings, compila com código de outras línguas (ex: russo, chinês) para simular origem falsa. Complicava atribuição durante análises de malware.
Impacto Real: Por Que Isso é Revolucionário?
Esse vazamento expôs a realidade: as agências de inteligência não apenas espionam, mas fazem engenharia reversa sistemática de todos os dispositivos modernos. Nem mesmo uma TV na sua sala está fora de risco.
“Seu celular não é mais seu — e nunca foi.”
Você confiaria no seu iPhone porque ele é da Apple e usa criptografia de ponta? Ou talvez se sinta seguro com o Android, com antivírus, biometria e todas as permissões sob controle?
Se sim, então você precisa conhecer os documentos do Vault 7. Eles revelam que a CIA tinha (e pode ainda ter) acesso total aos dois principais sistemas móveis do mundo, burlando criptografia sem precisar quebrá-la.
Como a CIA Invadia Dispositivos Móveis
Diferente de malwares comuns, a CIA focava em:
Explorar falhas zero-day em drivers, kernels e apps de sistema.
Injetar exploits no dispositivo antes que os dados fossem criptografados.
Evitar root ou jailbreak visíveis, para não levantar suspeitas.
Criar implantes modulares, ativáveis remotamente por C2 via HTTPS, SMS ou sinais invisíveis.
As ferramentas funcionavam tanto com acesso físico (ex: durante viagens, prisões ou roubos) quanto com vetores remotos (exploits de navegador, downloads maliciosos ou updates falsos).
Ferramentas para Android
1. Bowtie
Função: Backdoor para gravação de áudio e vídeo.
Como funciona: Implantado via APK falso (ex: apps populares clonados), ou através de exploits remotos.
Detalhe: Evitava alertas de gravação, gravava sem que a tela acendesse, e armazenava os arquivos localmente até serem enviados para a CIA via Wi-Fi.
2. TideCheck
Função: Ferramenta de avaliação de segurança e persistência.
Como funciona: Avalia se o Android tem root, quais apps podem ser explorados e como manter persistência sem que o usuário perceba.
Curiosidade: Pode desabilitar logs de crash ou limpar traces automaticamente.
3. Starmie / Starmie-Knot
Função: Scanner e injector para dispositivos com firmware vulnerável.
Como funciona: Usava falhas no bootloader para instalar implantes mesmo sem root.
Diferencial: Era usado principalmente em dispositivos de fabricantes como Samsung, Huawei e Sony.
4. HighRise
Função: Interceptação de SMS.
Como funciona: Um app aparentemente comum (ex: um gerenciador de mensagens) era instalado. Em segundo plano, redirecionava SMS para servidores remotos.
Destaque: Permitido até leitura de tokens de autenticação de dois fatores.
5. Guerilla
Função: Proxy HTTP/S oculto.
Como funciona: O celular se tornava uma ponte para comunicação da CIA com outros alvos. Servia como relay, mas também exfiltrava dados locais.
Detalhe técnico: Comunicava-se por canais encriptados, ofuscando tráfego com técnicas parecidas com Cobalt Strike.
Ferramentas para iOS
Sim, até o “sistema inviolável” da Apple caiu diante da inteligência americana.
1. NightSkies 1.2
Função: Implantação de spyware em iPhones com iOS 7 e posteriores.
Como funciona: Instalado durante transporte físico — por exemplo, quando o iPhone era interceptado nos Correios ou na alfândega antes de chegar ao comprador.
Capacidades:
Coleta de arquivos.
Geolocalização.
Captura de tela.
Envio de dados via HTTPS.
2. Elderpiggy
Função: Root exploit silencioso.
Como funciona: Explora falhas no kernel do iOS, ganhando permissões sem alertar o usuário.
Diferencial: Totalmente invisível. Pode sobreviver a reboots e funciona sem jailbreak clássico.
3. Juggernaut
Função: Interceptador de comunicação.
Como funciona: Infiltra-se nas APIs responsáveis por chamadas, SMS e dados móveis.
Impacto: Permite escuta em tempo real e coleta de metadados, mesmo em ligações criptografadas.
4. WinterSpy
Função: Vigilância completa.
Como funciona: Funciona como "agente passivo", monitorando uso de aplicativos e enviando dados para C2.
Recursos:
Detecta instalação de apps como Signal, Telegram.
Reage enviando dados de tela, buffers de memória e senhas temporárias.
Executa captura antes da criptografia ponta-a-ponta entrar em ação.
Mas Eles Quebravam a Criptografia?
Não. E isso é ainda mais assustador.
A CIA sabia que não conseguiria quebrar algoritmos como AES, RSA, Curve25519 usados por apps modernos. Então, em vez disso, criaram técnicas para capturar os dados antes que fossem criptografados:
Leitura da tela com captura de framebuffer.
Acesso à API de teclado e notificações.
Keyloggers invisíveis.
Interceptação de chamadas SIP e WebRTC no nível de driver.
Resultado? Os dados já estavam na mão da CIA antes mesmo de serem criptografados.
Por que isso é importante para você, hacker ou defensor?
Essas ferramentas demonstram o nível real de intrusão de uma APT estatal.
Você entende como a coleta de dados pode ocorrer sem alertas, mesmo com segurança ativada.
Revela que a segurança não está na criptografia sozinha, mas na cadeia inteira de execução.
“Você acha que formatar resolve tudo? A CIA ri disso.”
Enquanto a maioria dos vírus são removíveis com um antivírus ou uma formatação completa, o que acontece quando o malware está dentro do seu firmware? Ou quando ele infecta o setor de boot, ou se reinstala sozinho antes mesmo do Windows iniciar?
Esse era o jogo da CIA dominar completamente a máquina, desde o BIOS até o sistema operacional. O Vault 7 mostrou como isso era feito com precisão cirúrgica, com dezenas de projetos dedicados ao controle total de desktops, servidores e sistemas embarcados.
Principais Ferramentas para Windows (e algumas para Linux)
1. Grasshopper Framework
Tipo: Sistema de construção modular de malwares
Função: Criava malwares sob medida para Windows XP até Windows 10.
Diferencial: O operador da CIA podia montar “combo packs” com persistência, execução automática, evasão AV e payloads.
Técnicas usadas:
DLL hijacking com apps legítimos.
Disfarce em binários como calc.exe ou notepad.exe.
Persistência via tarefas agendadas disfarçadas com nomes de sistema.
Nota: Grasshopper foi um precursor de frameworks como Cobalt Strike, mas com técnicas mais baixas e discretas.
2. AfterMidnight
Tipo: Implantador modular com execução furtiva
Como funciona: Um executável inicial (“Gremlin”) era injetado no sistema e agendava a execução de “payloads” pequenos que agiam em horários definidos.
Exemplo real:
Um script agia às 3:33 da madrugada coletando dados de browser.
Outro fazia keylogging apenas durante o uso do Word.
Usava cronogramas e triggers baseadas em tempo, uso de CPU, abertura de apps ou movimento do mouse.
3. Assassin
Tipo: Framework C2 com capacidades remotas
Capacidades:
Exfiltração de arquivos.
Execução de comandos remotos.
Controle remoto total via HTTPs.
Evasão de logs e registros.
Funciona como: um backdoor em stealth total, que se conecta a servidores da CIA camuflados.
4. HammerDrill
Tipo: Malware para infectar software em CDs e pendrives
Alvo: Instalações off-line
Como funciona: A CIA infectava instaladores populares (como Acrobat, VLC, 7zip) e distribuía cópias modificadas.
Diferencial: Mesmo sem internet, o malware se instalava e coletava dados até conseguir se conectar por algum canal.
5. DerStarke e HarpyEagle (firmware persistente)
Tipo: Malware persistente no EFI/UEFI
Alvo: macOS e alguns Linux
O que faz: Se instala no firmware do computador e sobrevive a qualquer formatação.
Como age:
Monitora o sistema.
Instala de novo os malwares na partição do SO mesmo que você reinstale o sistema.
Impede que ferramentas padrão detectem qualquer alteração no EFI.
6. JQJabber e AlphaGremlin
Tipo: Bots silenciosos com canal reverso
Diferencial:
Não faz beaconing constante, mas “ouve” sinais e comandos como “ondas fantasmas”.
Disfarça o tráfego como DNS, ping, ou headers HTTP normais.
Função real: controlar milhares de máquinas sem levantar suspeitas.
Técnicas de Evasão e Anti-Forense da CIA
Marble Framework: já citado, ofuscava todos os payloads, com suporte a múltiplas linguagens (russo, chinês) para dificultar a atribuição.
Sandbox Detection: executava apenas se detectasse uso humano real (ex: movimento de mouse, teclas pressionadas).
Desativação de logs: limpava o Event Viewer, bloqueava crash dumps, e até falsificava alertas de segurança.
Ferramentas Adicionais
Nome | Função Principal | Observações Técnicas |
---|---|---|
Archimedes | Man-in-the-Middle em redes locais | Usado contra LANs corporativas. |
Swindle | Falsificação de certificados SSL | Interceptação HTTPS sem alertas. |
MagicWand | Injeção de payloads remotos em memória | Bypass total de disco/AV. |
Pandemic | Malware de infectação em arquivos de rede | Substitui .exe em compartilhamentos. |
CryWolf | Simulador de comportamento normal do sistema | Evita alertas de anomalias. |
Por Que Isso Importa?
"Formatar o Windows não é mais suficiente."
Esses malwares eram projetados para:
Sobreviver a reinstalações.
Reinstalar a si mesmos automaticamente.
Nunca aparecer no Gerenciador de Tarefas.
Escapar de antivírus comerciais.
E mais: muitos nunca foram corrigidos porque exploravam falhas desconhecidas (0-days). O simples uso de Windows 7/8 ou até 10 desatualizado já tornava seu sistema vulnerável sem nenhum clique.
O Que Você, Leitor, Pode Estudar
Técnicas de invisibilidade de processo.
Como construir um C2 modular.
Injeção de código em espaços de memória remotos.
Engenharia reversa de DLLs legítimas.
Persistência via
schtasks
,winlogon
,AppInit_DLLs
.
Conclusão Final do Vault 7
O Vault 7 revelou algo maior que espionagem: uma arquitetura invisível para dominação digital total, sem que o alvo jamais perceba. Nenhum antivírus detectava. Nenhuma reinstalação resolvia. Nenhuma senha salvava.
A CIA não hackeava sistemas. Ela os possuía.